sábado, 9 de setembro de 2017

SOBRE VAZANTES



FOTOGRAFIA: ASSIS DE MELLO



o movimento caudaloso do rio;
roda dentada do desejo;
anoiteçe e adentra a terra

a metáfora passa a língua
no pescoço que esquiva;
dedilhante e obsceno.

mimese líquida
na sombra do salgueiro;
demoras e
uma vastidão de urgências.

na emboscada,
farpas de medo e redenção; 

um ímpeto na algibeira: 

nos olhos da seca,
labaredas estrilam
um desejo sonâmbulo 
e o espanto: tudo é sangue.

E se fosse atrito ou tempestade?
se fosse concha?
Resvalaria? (Lamberia que nem cachorro do mato?)








segunda-feira, 4 de setembro de 2017

DESVIRULANDO




Fotografia: Assis de Mello



de frente para o que me asculta, sob a lente que me captura, desvendo nos arredores punhados de inexatidão e vida. 

por exemplo:

aceito a ideia da mente como máquina de fazer relevâncias; 

ganhei imunidade nos sobressaltos. 

ainda sigo aberta e precipitada. 

exagero nas cores do que me anima e desarma

dou amplitude aos ossos e músculos que me carregam sob alcunhas diversas.

estou quase em paz. 

sou alguma ferrugem nos nervos, volúpia e aconchego; fertilidade e seca. 

em cada palmo de mim o sol brilha e se apaga

acato flores de cerejeira e revoadas de pássaros.

aceito e acato o que chega e o que vai. 

procuro nas coisas vagas, cadência; mas se for preciso, eu brigo. 

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