terça-feira, 19 de janeiro de 2016

SERENDIPTY

serendipty

naufrago e volto à tona. procuro ser paciente para ver as pontes... estar pronta quando o acaso chegar :) quem disse isso? Pasteur :)

"o acaso só favorece a mente preparada"



Talvez por isso mexer em gavetas... guardar coisas. A vida é um acumulado de gavetas repletas de coisas raras. Uma porção delas. Umas de abrir todos os dias, outras de trancar e jogar a chave fora, para nunca mais ter que abrir. Tem gaveta até de caber dentro. De trancar por dentro e engolir a chave. E quem sabe alguém possa arrombar. Nos resgatar. Ou não. Gavetas de esconder e gavetas de desvendar.  A vida às vezes coloca explosivos naquilo que a gente não quer ver... E booomm!!! Gavetas vão para os ares.Tão bom isso. Talvez por isso viro as gavetas em cima da mesa. Uma a uma eu viro. É então  que acontece a magia: serendipty. 

Deixo aqui a letra de música da Déa Trancoso que fala assim... :

"capte o vigor das escolhas  felizes.. opte pelo pote no fim do arco íris.. e serendipty lhe dará a mão. alegria que invade. acalme a brasa do mundo que arde... e serendipty lhe dará a mão. corra pra ver o sol. abra os olhos pro céu. descanse pra brisa da noite. dê um tempo pra estrelas. faça escolhas felizes. seja feliz por favor. aqui, em Pequi, onde for".




quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O TAL AMOR....

Falar de amor inclui, entre tantas, lembrar a avó dizendo que só sabe o que é amor quem já comeu um saco de sal juntos. Então... Roda por aí que amor é quando alguém te dá um limão e você faz uma limonada. Mas com ou sem açúcar? Eu posso dizer que amor é quando a gente faz um poema para alguém. Quando alguém faz uma música para alguém, dizem que é amor. Quando alguém diz: 
ilustração: TULIPA RUIZ
Poeme-se :) é amor :)
Quintana disse: “O amor é quando a gente mora um no outro”. Danilo Caymmi cantou o amor. “O que é o amor? Onde vai dar? Parece não ter fim. Uma canção cheia de mar que bateu forte em mim”. Dizem também que amor é tirar da sua boca para alimentar alguém, fazer o bem sem olhar a quem. Mas o que é o bem, não é? Sabe lá. Amar é discórdia. Lacan dizia: “Amor é dar o que não se tem a quem não é”. Concepção irresistível de tão linda. Eu amo.Tu amas. Ele ama. Nós amamos. Vós amais. Eles amam. Você ama. É a força do verbo. E dizem que amar é jamais ter que pedir perdão. Amar é sofrer. Amar é quando se ri junto e então um olha dentro do olho do outro, e ri mais ainda. Amar é conviver. Morrer. Ceder. Calar. Passar a bola. Incrível! Dar um tapa na cara por vezes é amar. Morrer de ciúme. Escrever. Lavar uma pia cheia de louças. Cozinhar. Tirar um cisco do rosto de alguém. Um bichinho, uma folhinha. Até um cabelo teimoso que entra na frente do olho. Matar uma barata. Sair de cena. Entrar em cena. Abrir a janela e jogar as tranças. Eu te amo Rapunzel! Tomar veneno como os meninos de Shakespeare. É partir. É ficar. É cantar. Esconder coisas para alguém achar. Como um anel de brilhantes no meio de uma truffa? Pode ser. É escrever “Eu te amo, Sara” num outdoor daquela avenida onde ela sempre passa. É passar na frente da casa de quem se ama. Olhar. Divagar. Amar é divagar. Mas também é manter os pezinhos no chão, bem juntinhos de quem se ama. Amar é fazer e não deixar pegadas. É ver o rosto de quem se ama em outros rostos. É só pensar na pessoa. É se sentir uma pessoa. Amar é fazer revoar a passarada no meio do caminho e se rir disso. Amar é apreciar o vôo de quem voa. Tremer enquanto o outro voa. Amar é tremer quando ela chega. Quando ele chega. É ficar sem palavra nenhuma na boca. Amar é beijar o rosto, a testa. É transcender o beijo que voa. É fazer a outra pessoa sentir que voa. Amar dá vontade de dar beijo na boca. É liberar a boca para dizer: Eu te amo. Amar é andar num metropolitano. É dizer, sou sim soteropolitano! E tu? que me diz, Coriolano? Amar é fazer graça com as coisas, até com ideia de amar. Que é sim, apenas uma ideia que é sua e que é diferente da ideia de quem você ama. Mas são ideias de amor. Ideias de amar. E valem. Amor é não colocar preço. É colocar as cartas na mesa. É esconder o jogo. Amar é entrar no jogo. Abandonar o barco. Amar é dizer: Eu vou nadando. Sambando. Cantando. Eu vou com você. Vou apesar de você. Eu vou; e você? Vambora..... Vamoagora...  Amar é escrever "eu te amo" na areia, que depois a água do mar lambe e é testemunha disso para sempre. Amar é testemunha que se cala. É um grito, de repente, no meio da sala. É colocar as roupas todas da mala e dizer: Adeus. Dizer Ah! Deus! Como eu amo! É, diante do tanto que nos assombra, lembrar coisas como o andróide que salva seu caçador em Blade Runner ( se você não assistiu, assista) e cantar de peito aberto como Maria Bethania, que tão lindamente cantou a música “Sonho Impossível”: “Sonhar, mais um sonho impossível”... Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz... E o mundo vai ver brotar uma flor do impossível chão”. Salve a força disso, que afinal, é amor também.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

MADALENA

Madalena

Ilustração: TULIPA RUIZ
Olhos rasos, levanta toda manhã. Prediz as circunstâncias do dia que se elabora. Sol dentro. Põe os pés sobre o tapete. Sente as fibras do junco. Lembra da Bahia. Faz uma prece ao santo e bípede, ergue-se. Sabe que pode caminhar sobre duas pernas e isso lhe basta. Lava o rosto e se demora no espelho. Alisa a pele com o creme. Isso a restitui do ontem, do silêncio que faz ainda eco em seus ouvidos. Deixa escorregar o vestido sobre o corpo que desperta e veste a sandália. Miss, atravessa a sala em direção à cozinha. Para em frente ao espelho que há no meio do caminho. Confere. Prepara o café na cafeteira expressa e aguarda que comece a subir até que a fumaça, até que o cheiro da fumaça verte pelos azulejos e toma a sala (até o quarto vazio) e a casa vizinha com a janela aberta. Derrama o líquido escuro sobre a porcelana da xícara, sobre o açúcar e a expectativa que lhe ronda. Sorve de gole em gole o café enquanto amealha suas coisas e põe na bolsa. Pega as chaves. “Logo estarei de volta”. Olha a sala mais uma vez, mais uma vez se olha no espelho. Sai e deixa a porta bater atrás de si. Uma força impele seu ato, aciona neurônios e sinapses, inunda seu corpo de hormônios. Gira nos calcanhares, faz uma curva e retoma os passos (as setas dentro). Madalena é, absolutamente, fruto da evolução. Fruto do indizível que perpetua suas lógicas. 
Mais tarde, ao destrancar a porta, respira um pouco mais o café que ainda perfuma a sala e se olha de novo no espelho. “Estou de volta”. Atrás da cortina, e atrás das nuvens por trás das cortinas, o sol ainda não brilha. Mas vai brilhar. Pega o elástico sobre a mesa e prende os cabelos:



terça-feira, 5 de janeiro de 2016

PAIXÃO E PREVISÕES METEREOLÓGICAS

Ilustração: TULIPA RUIZ
Quando, em meio ao feio de uma tempestade que no céu se arma, questionam a moça (ela em vão tenta recolher as roupas do varal), entrelábios responde: eu tento segurar e livrar as roupas da tempestade. Eu tento segurá-las. Eu tento me segurar porque as coisas ventam e fazem tempestades em mim. . Nara está apaixonada e diante de todas as alterações climáticas, prevê cataclismas. No verão eu ardo de amor e no inverno sinto muita falta dele. Ele, que desde aquele manso setembro (em outros tempos a natureza era mais quieta) chegou sem previsão. O clima já era em ebulição (apenas não se sabia). Foi então depois de algum tempo que as geleiras começaram a derreter. O aquecimento global a deitar seus efeitos. Nara então passou a ler previsões. Se precaveu. Trancou as portas, colocou travas na janela e elevou os móveis do chão. Mas ele veio água em movimento. Veio tsunami. Passou por cima de todos os esteios. Balançou a rigidez dos arranjos e entrou por todos os canais. Alagou o mundo da moça. Se ela tivesse prestado atenção... Lembra do silêncio que se fez antes. Do barulho que retumbou quando se viu no olhar dele. Se prestasse mais atenção não estaria tão distraída, tão sujeita aos ventos, às águas e seus movimentos. Mas estava. E então as previsões encheram os vazios de sustos e sulcos. De olhares afivelando ideias, escapes – saída qualquer. Nara sente-se escorrer. Olha para trás e vê o chão que sumiu a cada passo que ela deu. Pensa no seu nome diante disso. Em cada uma das letras de seu nome que circula no centrípeto e no centrífugo da ideia, dos furacões e tornados misturadas com as letras do nome dele. As letras misturadas rodando lá dentro e o fenômeno se carregando dessa energia. Parte das ideias sendo arremessadas sabe-se lá para onde e as outras numa descida frenética para o centro. Então ela pensa no ralo. O ralo do mundo. Tudo vai para o ralo, afinal. O ralo do mundo. Quase se aquieta (se o caminho natural é esse, o que se pode fazer?). Ela quase. Porque a despeito de previsões metereológicas, ela é instabilidade: é vento e coisa que é levada por ele. É tempestade. É fenômeno e pessoa. Apaixonada, Nara nunca toca a vida com a ponta dos dedos. Então ela abre a porta e pisa na soleira olhando para o céu. Um feixe de cinza e alguns raios prenunciam outra tempestade. Lembra de uma poeta catarinense e vai até a calçada. Atravessa repetindo: “mulheres ensimesmadas não atravessam a calçada”. Sorri relâmpagos.

Postagem em destaque

SOBRE QUESTÕES RESPIRATÓRIAS E AMORES INVENTADOS

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